- Área: 300 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:José Campos
Descrição enviada pela equipe de projeto. Escrever sobre a própria casa revela-se um exercício tão complexo como o de projetar e definir o âmbito da sua reabilitação. Por muito que esta apresente características formais e de linguagem iguais a tantas outras, o projeto é um processo difícil, em que, por muitas vezes, as hesitações suplantam as certezas, e em que a conciliação entre forma e função se torna uma tarefa árdua.
A Casa da Boavista, construída num lote estreito e comprido, com quatro pisos, duas frentes e jardim nas traseiras, típica do Porto burguês do início do séc. XX (1915), encontrava-se em bom estado de conservação e possuía características construtivas e ornamentais que importava preservar. Nesse sentido, o carácter de restauro foi levado ao limite, optando-se pela preservação de tectos, soalhos, carpintarias interiores e exteriores, revestimentos cerâmicos e algumas peças sanitárias. A organização interior manteve-se com ligeiras alterações no sentido de adaptar a casa às novas exigências. A cozinha original, praticamente inexistente, deu lugar a uma nova cozinha desenhada com mobiliário dos anos 50.
A fachada principal, integrada num conjunto de 5 casas construídas em simultâneo, foi reabilitada, com a consolidação dos azulejos biselados tão típicos desta época. Na fachada posterior, que já tinha sido alvo de uma alteração nos anos 40 do séc. XX, foram repostos os materiais e alinhamentos originais, com a aplicação de soletos de ardósia na zona central, rebocando o volume lateral em alvenaria de pedra correspondente às instalações sanitárias. As janelas de guilhotina existentes foram preservadas e o conjunto foi reforçado com a instalação de aros perimetrais em madeira.
A preservação e valorização das pré-existências contribuiu para que dois importantes pressupostos da intervenção, a economia e o tempo, se cumprissem, sem no entanto descurar forma e função. No final, o objecto sobrepôs-se ao projeto.